Filmes

A filmografia iraniana pós-revolucionária é bem diversificada.O novo cinema iraniano se dividiu em duas principais modalidades: o cinema de arte e o cinema comercial.
O cinema comercial atrai grande público no Irã, já que o cinema é considerado um meio de divertimento de massa em um país onde há poucas formas de lazer. Seu público é maior do que o do cinema de arte, pois visam o entretenimento, são de fácil entendimento, não usam metáforas, possuem um ritmo mais rápido e onde atuam atores famosos no Irã.
Tais películas são patrocinadas pelo governo, recebem uma boa classificação para a exibição em salas de cinema e na TV aberta e são consideradas por alguns cineastas como filmes de propaganda. Isso porque, apesar de tratar temas tabus, sempre trazem uma lição de moral. O personagem que se envolve com algum tipo de vício, acaba perdendo tudo ou contraindo uma doença, como no caso de A Candle in the wind (Pouran Derakhshandeh, 2004). São filmes que procuram educar as pessoas, que mostram, principalmente, como o jovem iraniano deve se comportar. As festas escondidas, a música ocidental também estão presentes em alguns desses filmes, mas os personagens envolvidos com essas distrações acabam pagando um preço alto.
Algumas outras características definem o chamado filme comercial: os personagens se vestem de acordo com a norma de vestimenta islâmica e a maioria das obras usa códigos que têm significados específicos dentro da sociedade iraniana, não são universais, por isso, esses filmes não costumam fazer sucesso fora do Irã.
Os filmes que compõe essa cinematografia são geralmente comédias, melodramas, remakes de obras norte-americanas, retratam guerras e sua herança está no film farsi, mas respeitando a moral islâmica.

Já o “cinema de arte” foi inspirado no cinema engajado do período anterior à revolução, o cinema motefavet. Ao contrário do cinema comercial, o cinema de arte faz mais sucesso fora do que dentro do país. Esses filmes não atraem muito público no Irã por serem considerados mais lentos, por serem produções de baixo orçamento e por terem finais, muitas vezes, abertos. São filmes feitos para pensar, para as pessoas se reconhecerem, mas ao mesmo tempo questionarem.
Um filme considerado de arte carrega as características de seu autor, usa cenários reais, assim como “não” atores, está preocupado com temas cotidianos, às vezes tirados da vida desses atores/personagens, usa iluminação natural, as tomadas são mais longas, os planos abertos; características herdadas do cinema motefavet que, por sua vez, tem muitos paralelos com o neorrealismo italiano.
Tudo o que o xá menosprezava pôde enfim ser representado nas telas, como os pobres e o sentimento dos menos favorecidos. E nesse caso, incentivado, pois o Islã é averso ao materialismo.
A tênue fronteira entre ficção e realidade e a experimentação também fazem parte do estilo desses diretores. Alguns cineastas importantes dessa cinematografia são Abbas Kiarostami, Mohsen Makhmalbaf, Jafar Panahi, Majid Majidi, Tahmineh Milani, Bahman Ghobadi, Samira Makhmalbaf, entre outros.

Nos últimos anos percebemos uma transformação no cinema de arte iraniano, que tem lidado com temas tabus na sociedade, sem o uso de metáforas e tratado diretamente as questões polêmicas do país, como: o divórcio, a música, a prisão, prostituição, aborto e honra. Filmes como Prisão de mulheres (Manijeh Hekmat, 2002), 20 dedos (Mania Akbari, 2004), O círculo (Jafar Panahi, 2000), Ninguém sabe dos gatos persas (Bahman Ghobadi, 2009) e Chador (Ali Abdollahzadeh, 2004), por exemplo, são filmes considerados políticos. Muitos deles são proibidos de serem exibidos no país e sua realização pode custar a liberdade do cineasta. Alessandra Meleiro, em O novo cinema iraniano,  chama esse tipo de filme de “cinema de intervenção social”, por ser um cinema militante, de ação política.
Esse cinema, que não segue ou critica as restrições (religiosas e políticas) que o governo impõe é cada vez mais produzido no país. Os equipamentos digitais facilitaram a realização de filmes por diversas razões: os equipamentos (35mm e 16mm) que antes precisavam de autorização e aprovação do governo para serem usados, agora são acessíveis a qualquer um (pequenas handycams) e como o volume é menor não chama a atenção das autoridades, portanto, um set de filmagem que antes contava com uma numerosa equipe, a partir do digital pôde reduzir esse número. Essas peculiaridades do digital permitem que os filmes sejam realizados, mesmo que não possuam autorização do governo.
(Texto tirado do artigo "O Processo de islamização do cinema iraniano", Kelen Pessuto, 2011, no prelo)

Temos também os documentários.



Lançamentos do ano:

The Green Wave



The Green Wave - Ali Samadi Ahdi, 2011 - Link
Isto não é um filme, Jafar Panahi, 2011 -  Link


Filmes atuais:

Ninguém sabe dos gatos persas


Ninguém sabe dos gatos persas, Bahman Ghobadi, 2009 - Link


Filmes década de 1990 e começo de 2000 (Filmes de arte):

Filhos do paraíso


Filmes comerciais:

Kingdon of  Solomon


Filmes sobre o Irã realizados em outros países:

Women Without Men



Women Without Men (Zanān bedun-e mardān) LINK
Frango com ameixas LINK
Persépolis LINK